Quando surjo por entre montanhas ou brotando da terra,
poucos acreditam que um pequeno riacho poderia se
transformar tão rapidamente...
No decorrer do caminho, por entre pedras e corredeiras...
um turbilhão de vivências presencio,
O cingir pelas veias da mãe terra, que rasgo transformando
sua paisagem,
mais parecem espremer-me e impedir todo meu poder, tudo que
sou capaz e todo potencial
Mas, no decorrer do caminho, descubro o que antes acreditava
ser meramente opressor, era para evitar que desaparecesse evaporando em uma
poça sem tamanho!.
Serpenteio por longas paisagens e mansidão encontro,
Em lagoas calmas desemboco e retomo minha caminha,
Outras corredeiras, cachorreiras, correntezas ainda mais assombrosas,
até novos riachos, lagoas calmas e caminhos mansos...
Então ao fim, quando penso ter encontrado o fim de uma
trajetória,
pois logo mais encontrarei o mar e terei fim a minha sorte,
Eu, que mesmo por entre caminhos turbulentos, mantive-me
doce e cristalino,
por mais que despejassem por várias vezes, dejetos e restos,
impurezas produzidas pelo mundo insano e cruel, ainda mantinha a vida como
único sentido de uma existência,
a vida que pulsava em mim, de pequenos a enormes organismos
vivos... a vida que ofereci a todos que por mim buscavam...
Vida que talvez fora perdida por se dedicar tanto e agora...
Desaparecer por completo sem nenhum valor, sem testemunhas, tudo por mero
capricho da mãe natureza.
É então no momento em que deságuo por completo, onde já não
se sabe mais quem eu sou e quem é o mar, uma nova concepção surge.
Já não sou mais rio que doravante, pulsava pela espremida
terra! agora sou parte do mar, e busco oceanos!
As veias estreitas e que prendiam e limitavam-me, já não
podem mais! Fui nascente e rio, agora sou mar e Serei Oceano!
(David Barbosa)