sábado, 12 de março de 2011

PREÂMBULOS DA SEXUALIDADE


 Ante ao decrépito hábito, indiscutivelmente como operação de guerra, declarada, a priore, pelos gregos e levantada como bandeira pelos cristãos, de marginalizar as relações íntimas entre homem e mulher, ratifico: “O TEMPLO DE DEUS É A MULHER E SEUS DESEJOS SÃO OS DESEJOS DO CRIADOR!”
Sabemos que o principio masculino é  extremamente raro no universo e que ao feminino  é atribuído o que há de mais belo.
Sem apologia ou eufemismo, estar com uma mulher é aproximar-se de DEUS e o sexo, considerando todo o seu pacote, é a oração mais pura e verdadeira de todas.
Ainda que pedimos “Pai nosso que estás no céu...”, imploramos para que “venha a nós o vosso reino”. Então vos indago de onde ou em que momento encontra-se tal reino? Trago, pois diante de ainda não tão satisfatória experiência no sagrado mundo feminino, algumas “pistas” que me levaram a crer que este reino é a mulher.
Limitarei-me em poucos aspectos devido a proposta inicial, que deste artigo não se pode dizer mais que uma crônica e não ter a pretensão de se transformar em Ode ou tratado, visto a certeza de quão vasto são as “provas” em sentido ambíguo que podemos experimentar ou trazer de momentos a dois com as belas.
Lembremos o fato que o feminino e o masculino reside no TODO de forma simultânea, contudo, a presença não do feminino mas da feminilidade é marcante nas mulheres, ainda que algumas nos são tão semelhantes ou até mesmo mais viris que muitos homens. Confesso que algumas me assustam e até chegam a me dar calafrios.
Pois bem, se na degustação do vinho usa-se primeiro a observação do pigmento, da coloração, os olhos masculinos mais ascentuados ficam entorpecidos diante da sensualidade, delicadeza e claro, beleza que estes magníficos seres transbordam.
Observar uma mulher é como analisar um abstrato num expressionismo, admirar o quão belo podem ser as tempestades mesmo sabendo da força que possuem, é sem sombra de dúvida, deleitar-se com o que de tão belo torna-se misterioso.
Toda esta observação empírica apenas adverte, quando elas tomam consciência dos fatos acima descritos, e se reconhecem como filhas da DEUSA, detentoras dos poderes divinos, as metáforas aqui utilizadas tornam-se insignificantes por ser impossível expressar em palavras o que é inexplicável, doravante, ousar-me-ei a especular:
Os gestos, trejeitos, o modo como andam... movimentam-se... é praticamente uma dança, uma aspiração angelical de toda sensualidade. Quando andam, flutuam; quando movimenta em sintonia seus corpos, êxtase em uma harmonia e quando dançam, todo o sagrado e profano se manifestam.
Mas ainda tem os olhos, a janela da alma que nelas traduzem-se em vislumbrar os segredos da criação. São nos olhos que foi celado o bem e o mal; ora perigosos, maquiavélicos, prontos a levarem-nos a um precipício ou nos transformar em objetos inanimados, ora tão mágicos e encantadores que suplicaríamos para que não fossem cerrados nunca mais. Aos olhos de uma mulher demonstro minha primeira impotência e desvaneço em saber quais são os mistérios que os preencham.
Para concluir este primeiro tópico, há ainda os acessórios que enaltecem e ressaltam esta beleza e as tornam ainda mais sublimes. As roupas, jóias, maquiagens faz com que toda esta beleza transborda-se e nos tornam voyeristas assumidos.
Sem exagero algum, uma miscelânea de sentimentos e poderes são transparecidos nesses corpos, com gestos, olhos e acessórios onde encontra-se a força e a delicadeza, o belo e a maledicência e ainda refuto, o sagrado e o profano.
 Já que o método proposto  é trazido da ciência do vinho e que a metodologia proposta é o empirismo, vamos analisar o buque trazendo agora o olfato onde todas as explosões químicas se iniciam, contudo, a este tópico e considerando ainda que as belas não poderiam ser rebaixadas a uma simples garrafa, ainda que fosse a preferida de Dionísio, utilizarei do tato como “complemento”.
Divaguemos... a deusa sai nua de um banho onde apenas a água e suas mãos deslizaram sobre sua pele, a imagem poética a sua frente vem até sua presença e seu “aroma” que exala de seu corpo, penetra suas narinas e o que até então o hipnotizara agora lhe deixa confuso, entorpecido, desorientado, pois neste momento uma carga de feromônios correm por seu organismo chegando até o cérebro conectando-se em você. Diante a embriaguez suas mãos deleitam-se ao tocar aquele corpo nú e nos emranhandos de cabelos, fios criados em algum momento de nostalgia do SENHOR que acredito terem sido usados para tecer o universo.
Ante a cena fica fácil entender o porquê de entrarmos em estado catatônico quando nos aproximamos para inspirar o perfume natural feminino, e ser tão difícil explicar a sensação de tocá-las, sentí-las, mesmo que contemplando seu sono acariciando-as e as observando a dormir.
O cheiro de mulher é único até mesmo quando seus corpos expurga o óvulo não fecundado e acredito que o perfume de rótulo “mulher”, é o cheiro encontrado no paraíso. Como se não bastasse, outros subterfúgios foram adotados pelas sacerdotisas de Afrodite para personificar ainda mais o néctar avassalador; dependendo do perfume e de como ele se conecta à sua pele, pode levar um homem ao estágio pleno de loucura. Os olfatos mais apurados facilmente identificam a distância a amada e seu perfume pode impregnar até mesmo por dias as roupas de cama permitindo-nos a sonhar por noites e imaginar quando será a próxima vez.
Aos desprovidos de talentos herméticos, trago-vos que através dos hormônios que exalam, elas podem demonstrar se houve entrega ou se irá tomar café pela manha ao seu lado ou então, se estão para poucos amigos, mas sendo empírico ainda que com vasta experiência é difícil acertar todas as vezes.
Vez que chegamos na minha parte preferida, com todo direito de sermos luxuriosos e promíscuos, o deleite ou como diria um enólogo, a degustação somente se completará se provarmos agora de todo o seu esplendor que nestes termos, compartilhar carinho e afeto no sublime momento do sexo, do beijo, das “carícias” mais intimas.
Lembremos que estamos diante de um templo que merece ser adorado e respeitado, devidamente enaltecido e exteriorizado como momento único de contato com o TODO.
Quando iniciamos todo o ritual sagrado do sexo, cada fase deve ser tratada como momento apoteótico, desde o beijo, o sexo do coração, até a penetração, o êxtase completo até a hora em que de fato chegamos próximo de DEUS.
O momento sublime do sexo e dos seus valores é, sabiamente traduzido no tantra como o mais puro ato de entrega, é onde o feminino e o masculino unem-se posterior a toda dança, a qual refiro como a dança do acasalamento, e onde o animalesco e primitivo instinto de procriar, torna-se divino na efetivação do amor, ainda que como uma mágica. Na comunhão da carne, o santificado “abraço” de dois corpos, unidos pelo desejo, volúpia e coração e incapaz de ser traduzido, a presença da alma.
Aos corpos entrelaçados, a troca transcende o significado, pois mais que hormônios e ato primitivo, há toda uma troca de energia, sentimentos, transação de pensamentos e sonhos em grandes explosões energéticas e químicas, união da matéria e do metafísico.
O corpo masculino, desprovido nesta hora de racionalidade, só quer entrar na primeira morada dos Homens e lembrar como era mágico estar ali, talvez seja este a razão pela qual o Pai nos deu tanta sensibilidade na glande, para que tivéssemos a oportunidade de redenção perante nossas limitações.
No momento do sexo, todas as “fases” são criadas e recriadas em proporções homéricas e instintivas, o observar, o sentir, o tocar e por fim o entregar-se surgindo um sentido novo além dos seis materialmente conhecidos e por ser inexplicável ou                                                                                                                       possível de se adjetivar, dado o motivo pelo qual faz com que acredito que quando do sexo chega ao grande momento de êxtase no jato final de prazer de gozo e orgasmo, onde não raciocina-se em nada e ao mesmo tempo sente-se tudo, onde não há emoções e todas elas se confundem em uma só, pois é quando nos aproximamos do NADA e do TODO,  sem noção alguma do tempo ou do espaço, onde alguns acreditam que é a morada do PAI DE TODA A TELEUMA.
Certo que algo tão íntimo e magnífico é complexo em ser descrito mas fico na certeza que o sexo é a oração mais pura pois não há dúvida de que nos aproximamos e ao mesmo tempo temos a sensação, de não estarmos em lugar algum, onde entramos em contato com o EU mais profundo, mais oculto e onde encontramos o DEUS INTERIOR.
Todas as fantasias e fetiches sexuais são validos como argumentos para a realização da oração, para a contemplação das filhas da DEUSA, para nos redimir a meros coadjuvantes dos planos do GRANDE ARQUITETO UNIVERSAL.

Nenhum comentário:

Postar um comentário